Estes foram os primeiros crochês de que tenho lembrança. Certamente houveram outros, porém, estes além de sobreviverem ao tempo, sobreviveram em minha memória. Ambos foram feitos por uma freira.
Quando eu tinha 4 anos minha mãe passou a trabalhar fora, como doméstica. Ela ficava o dia todo no trabalho, assim como meu pai. Minha irmã e eu passamos a ficar durante o dia num orfanato (só podiam ir meninas). Bem cedo, antes do sol raiar, saíamos com meu pai. Éramos tão pequenas que cabíamos num caixote de madeira que ele colocara na garupa da bicicleta.
Lembro do vento batendo no rosto, de minha irmã sempre sorridente, da semi penumbra do amanhecer. Os pássaros e o céu, bem como do reflexo do som da bicicleta nas ruas estreitas.
Quem teceu estes pontos foi a freira que ficava no portão, recebendo as meninas. Sempre alegre e tecendo alguma coisa. Ela nos presenteou com guardanapos. Este é o que recebi na ocasião. Durante alguns anos ele me acompanhou na escola. Era onde eu embrulhava o bolo, de cenoura ou de fubá, que minha mãe costumava fazer.
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